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É importante promover uma conversa com os alunos para explicar as
mudanças que ocorrem com a passagem de ciclo. (Foto: Marcos Rosa)
Já ouvi relatos de alunos da EJA contando que têm receio de “passar de
ano”. Reparei que isso é mais frequente entre os alunos que logo farão a
transição entre etapas: do Fundamental 1 para o 2 , ou mesmo do Fundamental 2
para o Ensino Médio. Muito dessa hesitação pode ser encarada como receio das
mudanças que acontecem nessas transições.
Muitas transformações ocorrem nessa passagem do Fundamental 1 para o 2.
A principal, sem dúvida, é o aumento do número de professores: em vez de um
professor de sala, que ocupa a maior parte do tempo, passam a ter vários
professores, que dividem os horários na turma.
Do ponto de vista do aluno, aquele professor que era a referência, para
quem ele poderia dirigir todas as perguntas, procurar orientações para suas
dúvidas (muitas vezes até relativas a questões de fora da escola), não existe
mais. Em geral, os alunos buscam substituir essa referência por outra, mas esse
processo pode ser demorado e imprevisível, já que cada aluno pode escolher uma
pessoa diferente da equipe.
Essa é uma questão sobretudo afetiva e muito importante. Por se tratar
de jovens e adultos pode-se pensar que os alunos seriam capazes de se encaixar
naturalmente na nova realidade. Isso muitas vezes não acontece e a equipe de
profissionais da escola precisa estar atenta. Nesse sentido, professores,
coordenadores e diretores que atuam nessas etapas de transição devem colocar-se
à disposição para conversar com os alunos sobre suas dificuldades e
estranhamentos em relação à nova etapa.
Do ponto de vista dos procedimentos, o maior problema está na
organização. No Fundamental 2 aparecem as matérias de Geografia, História e
Ciências, que já existiam antes, mas que agora estão separadas formalmente.
Alguns alunos podem demorar a se adaptar a essas divisões. É muito comum, por
exemplo, que os estudantes façam anotações no caderno sem dividi-las por
disciplina, anotando na sequência a que assistem em determinado dia: se têm
aulas de Ciências e depois uma de História, essa é a sequência em que anotam no
caderno; não separam por matérias (o que é de Ciências no caderno de Ciências;
o que é de História, na parte de História).
É preciso orientá-los quanto a esse aspecto e verificar se, de fato,
seus cadernos estão refletindo a divisão das matérias e as sequências das
aulas. O mesmo vale para a organização de folhas avulsas, de separação de
material em casa para vir à escola (checando quais são as aulas de cada dia no
horário) etc. Para muitos alunos, em especial aqueles que chegaram recentemente
à escola, nada disso é trivial. Portanto, é importante que um dos focos do
trabalho do 5º ano esteja sobre esse tipo de procedimento: organizar os
cadernos e o material avulso, organizar-se em relação ao horário.
Outra estratégia para tornar essas transições mais tranquilas é promover
atividades que reúnam duas turmas de níveis diferentes (por exemplo, turmas do
Fundamental 1 e 2). Os alunos, ao verem as produções e o desempenho dos colegas
de séries mais adiantadas geralmente se tranquilizam por terem uma ideia do que
vem adiante. Percebem que os trabalhos não são absolutamente perfeitos, que os
que já avançaram para a próxima etapa também tiveram que enfrentar desafios… E
notam que os colegas não são tão diferentes e sabidos como eles pensavam.
Perceber essa semelhança ajuda a tirar o receio dos alunos!
E você, já observou esse receio nas suas turmas? A sua escola tem alguma
estratégia para lidar com essas transições? Conte pra gente!
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