Nos últimos anos, disseminou-se a ideia de que a Aids não é mais
um problema importante. Já ouvi de meus alunos da EJA o seguinte comentário:
“se não há mais propaganda sobre Aids, é sinal de que ela não é mais tão
perigosa”.
Isso é falso. Dados recentes mostram que o vírus HIV continua se disseminando
na população, especialmente entre os mais jovens e pessoas com mais de 60 anos.
Essa informação mostra que a escola continua sendo um importante front de
combate ao vírus e à discriminação contra os soropositivos.
Para abordar esse assunto com os alunos da EJA, sugiro partir
justamente desse segundo aspecto: a discriminação. Conhecendo pequenos casos,
os estudantes deverão julgar se a reação de cada personagem é uma ação
preventiva legítima ou se é uma ação preconceituosa, baseada em desinformação.
Algumas sugestões:
CASO 1: Um
jogador de futebol pediu demissão ao descobrir que um companheiro de time
possuía o vírus HIV. Ele disse: “Tenho medo de pegar Aids no vestiário”.
CASO 2: Uma
garota terminou o namoro depois de descobrir que o namorado usava drogas
injetáveis. Ela disse a uma amiga: “Não quero correr o risco de pegar o HIV por
tabela”.
CASO 3: Uma
criança contraiu o vírus HIV, durante o parto, de sua mãe portadora do vírus. A
criança leva uma vida normal: hoje tem oito anos e está no 2º ano. A mãe de uma
de suas colegas, ao saber disso, retirou imediatamente o seu filho da escola.
“Não quero que meu filho pegue Aids enquanto estuda”, ela pensou.
Os casos 1 e 3 representam ações desinformadas e preconceituosas,
pois o HIV não é transmitido no contato social ou em ambientes como o vestiário.
Alguns estudantes podem argumentar que acidentes com sangramento podem
representar um risco, mas pode-se replicar que, caso a escola ou o time
estivessem bem informados, poderiam ser tomadas precauções adequadas.
Já o caso 2 pode ser visto como uma ação legítima de prevenção, já
que o HIV pode ser transmitido por contato sexual ou de agulhas contaminadas
com sangue.
Esses casos hipotéticos são o ponto de partida para uma discussão
sobre a doença e sobre o grau de informação que as pessoas têm sobre ela.
Com base nas concepções que os alunos revelarem nessa atividade, o
professor (ou uma equipe interdisciplinar) poderá encaminhar diversas
propostas:
- Explicar as formas de contágio do HIV (veja mais informações);
- Tratar com mais profundidade o que é o vírus e sua forma de
atuação no corpo (veja mais informações);
- Lidar com a questão da contaminação em diferentes faixas etárias
(este vídeo traz dados sobre a
terceira idade; este outro, sobre jovens);
- Examinar dados da epidemia de AIDS no mundo (veja este infográfico).
- Abordar o tratamento com coquetel de medicamentos anti-HIV e a
qualidade de vida dos usuários (veja este vídeo).
É importantíssimo que nós professores tenhamos clareza de que esse não é um problema somente da
área de Ciências, que tradicionalmente assume os conteúdos
relacionados à saúde. Dependendo do enfoque escolhido, esse conteúdo pode ser
abordado por qualquer área do conhecimento.
Uma excelente fonte de pesquisa sobre AIDS/HIV é o portal do Departamento de DST, Aids
e Hepatites Virais, mantido pelo Ministério da Saúde. Outra fonte
importante, que aborda questões ligadas à sexualidade, é o Programa de Sexualidade Humana da Universidade Federal de São Paulo.
O endereço do vídeo:
Como você trabalha esse assunto em suas aulas, professor? Deixe
sua sugestão ou comentário!
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