5 de março de 2014 às 17:05 | evasão
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A evasão dos alunos é um problema grave na Educação de Jovens e
Adultos em todo o país. Já ouvi muitos casos de classes que começam o ano com
30 alunos e, já no final do primeiro semestre, estão com metade das carteiras
vazias.
Acho que todos nós concordamos que muitos dos fatores que levam
nossos alunos a abandonarem os estudos estão fora do nosso controle. No
entanto, há vários aspectos em que podemos ajudar. A seguir, listo alguns
pontos que, em minha opinião, podem motivar os estudantes a permanecerem na escola.
Em primeiro lugar, a escola precisa ser uma experiência positiva. Para uma
pessoa que já tem uma rotina pesada com trabalho, cuidados com a família,
cuidados com a casa, entre outros afazeres, é difícil chegar à escola, no final
do dia, e ainda por cima encontrar aulas desinteressantes, colegas
desmotivados… Vou colocar de uma maneira mais simples: frequentar a escola não
pode ser uma coisa chata. Tem que ser um momento agradável no dia de nossos
alunos.
Penso também que a organização
da escola tem papel
fundamental na permanência dos alunos. Eles percebem rapidamente quando a
escola está desorganizada, os professores são pouco assíduos ou o planejamento
é falho. Já ouvi vários estudantes dizerem: “Larguei a minha outra escola
porque ela era muito bagunçada. Os professores faltavam muito e não levavam a
sério. Se nem eles levam a sério, por que eu vou levar?”.
Por outro lado, já ouvi dizerem: “Puxa vida, professor, você faz
igualzinho à outra professora! Vocês combinaram?”. Essa sensação de que há uma organização,
de que os professores trabalham em equipe e estão “levando a sério” é uma força
que tende a puxar os alunos para a escola. Garantir o bom funcionamento da
escola representa um trabalho enorme que diz respeito principalmente à equipe
gestora, mas envolve desde manutenção e limpeza até o próprio comprometimento
dos professores.
Outro ponto em que podemos ajudar é com a criação de vínculo afetivo com a escola.
Se conseguirmos que os alunos gostem e se sintam ligados à escola, eles terão
mais motivos para evitar deixá-la. Isso se soma à questão da experiência
positiva, que já mencionei neste post, mas vai além. Penso que a escola tem que
representar um lugar onde se tem acesso ao conhecimento, um espaço a que os
alunos se apeguem e considerem importante para suas vidas.
Esse vínculo envolve também os colegas da turma. A escola é espaço
para socializar, conversar, ouvir o outro. No entanto, nós professores
costumamos exagerar no uso do giz e da lousa e promovemos poucas atividades em
que os alunos possam interagir. Sempre fico chocado quando um estudante, no fim
do semestre, revela que não sabe o nome de um colega, depois de tantas aulas! É
um sinal de que a convivência não aconteceu, certo? Temos que evitar isso!
Penso que as atividades em que os alunos se organizam de maneira
diferente, olham uns para os outros e trocam opiniões, colaboram para construir
um clima de respeito e camaradagem que, no final das contas, constrói essa
escola que faz o aluno “sentir falta”.
Um exemplo de uma atividade desse tipo é a dinâmica da teia, que
relatei em outro post. Veja também
os exemplos propostos por outros professores nos comentários.
Encerro lembrando mais um aspecto importante que diz respeito a
cada área do conhecimento: o currículo. O que ensinamos na escola tem que ter ligações com o mundo do aluno.
Conteúdos que só servem para as avaliações não são atrativos. Temos que procurar
sempre promover aprendizados que ajudem o aluno a compreender o mundo que o
cerca.
No site GESTÃO ESCOLAR, há reportagem com
algumas ações bem-sucedidas no combate à evasão na EJA. Confira aqui.E em sua escola,
existe o problema da evasão? Como você e seus colegas têm trabalhado para
enfrentá-lo?
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